Percebi que mudei quando a ausência parou de doer. Seu sumiço, antes um vazio inquietante, tornou-se apenas um espaço aberto, como um quarto desocupado onde a luz do entardecer se espalha sem pressa. Não corri atrás de respostas, não questionei o silêncio. O "tanto faz" que ecoava de você encontrou, em mim, um eco ainda mais tranquilo: um "tudo bem".
Amadureci não porque deixei de sentir, mas porque entendi que algumas coisas não merecem réplica. Antes, talvez eu gritasse, desmontasse portas, exigisse explicações que nunca viriam. Dessa vez, guardei as palavras quentes e caminhei em direção ao meu próprio horizonte. Não foi orgulho, foi cansaço de carregar o peso de algo que só eu segurava. Te libertei sem cerimônia, como quem solta um pássaro que já não canta no cativeiro. Não houve drama, nem capítulo final digno de filmes. Apenas deixei que a vida levasse você para onde quisesse, enquanto eu respirava fundo e descobria, no meu peito, uma quietude que parecia terra fértil. Talvez um dia a gente se cruze em outras estações, mas hoje entendo: às vezes, amor é também saber virar a página sem rasgá-la. E no meu silêncio, encontrei a mais pura forma de respeito, por você, por mim, e por tudo que não precisamos mais ser um para o outro.
@aurorazanco_autora