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domingo, 23 de março de 2014

PERDIDA

Uma história típica de sessão da tarde , daquelas que nos prende do começo ao fim - que até nos fazer segurar a bexiga para não ter que levantar e não correr o risco de perder nada- seria uma comédia romântica ou um romance comédia? não sei responder. O fato é que a autora nos remete a várias reflexões sobre 'onde está a nossa felicidade'? no glamour, no simples ou no desconhecido? E quanto tempo precisamos para conquistar confiança suficiente para nos assegurarmos que estamos no caminho ( ou nos braços certos ) desta tal felicidade?
Muito fofo! Para quem gosta de romance é um prato cheio!

sábado, 15 de março de 2014

O IMPERADOR de TODOS os MALES - Uma Biografia do Câncer

Estou muito contente, após tantos meses, finalmente acabei de ler esta obra, que foi uma verdadeira viagem a história do câncer. Um mergulho complexo, que por muitas vezes, precisei vir à tona, para depois voltar a este profundo assunto, mergulhando cada vez mais fundo ,até conseguir compreender o quanto " a célula cancerosa, é uma individualista inconformada. Vive desesperada, inventiva, feroz, territorial, astuciosa e defensivamente - por vezes como nos ensinasse a sobreviver. Enfrentar o câncer é encontrar uma espécie alternativa , talvez mais adaptada à sobrevivência do que nós mesmos. "
E de onde vem o nome 'Câncer'? por que é representado por um arquétipo de 'caranguejo'?
Segundo o autor brilhantemente definiu, "foi na época de Hipócrates* ,por volta de 400 a.C., que este termo para câncer apareceu pela primeira vez na literatura médica; Karkinos,da palavra grega para "caranguejo". O tumor ,com vasos sanguíneos inchados à sua volta, fez Hipócrates pensar num caranguejo enterrado na areia com as patas abertas em círculo. A imagem era peculiar ( poucos cânceres, a rigor, se aprecem com caranguejos ), mas também vívida. Escritores que vieram mais tarde, tanto médicos, como pacientes, acrescentaram detalhes. Para alguns ,a superfície endurecida e desbotada do tumor lembrava a dura carapaça do corpo do caranguejo. Outros, sentiam o animal mexer-se sob a carne, silenciosamente, como se a doença se espalhasse furtivamente pelo corpo.
Outra palavra grega está ligada à história do câncer- onkos, usada para descrever tumores e de onde a oncologia tirou seu nome,era o termo utilizado para denominar uma massa, uma carga ou mais comumente um fardo.Mas, embora essas metáforas vívidas tenham seu efeito em nossa compreensão contemporânea do câncer, o que Hipócrates chamou de karkinos e a doença como hoje conhecemos como câncer eram coisas muito diferentes. Os karkinos de Hipócrates eram quase sempre tumores grandes, superficiais, facilmente visíveis a olho nu, como cânceres de mama e pescoço por exemplo. Mesmo a distinção entre o que era maligno ou benigno, escapou a Hipócrates .Para ele, seus karkinos
incluíam todas as formas de inchaço.
Os Gregos não tinham microscópio.Nunca lhes ocorreu que pudesse existir uma entidade chamada célula ,menos ainda que pudessem ter uma e a ideia de que o karkinos era um crescimento descontrolado de células. Em 160 d.C., foi o médico Claudius Galeno que levou a teoria humoral de Hipócrates a seu ponto máximo. Ele classificou todas as doenças em termos de excesso de fluidos. Por exemplo: Um caso de inchaço rubro,quente e doloroso ( inflamação ), ele denominou como 'superabundância de sangue'. A Icterícia era chamada de 'transbordamento de bile amarela'. E para o câncer, Galeno reservou o mais malévolo e inquietante dos humores: ' a bile  negra' - liquido oleoso e viscoso- que ele acreditava também ser responsável pela depressão.
Esta teoria foi derrubada por Versalius*, que ao desenhar a anatomia do corpo humano, observou que os sistemas linfáticos transportavam um liquido claro e aquoso; os vasos sanguíneos ,como era de se esperar,estavam cheios de sangue, a bile amarela ficava no fígado mas, a bile negra- a mensageira lodosa do câncer e da depressão para Galeno - não podia ser encontrada em nenhum lugar.
Versalius se viu em uma posição complicada, começara seu projeto anatômico para salvar a teoria de Galeno mas, acabara sepultando-a em silêncio.

Todo remédio, disse Paracelso ( médico do século XVI ), é um veneno disfarçado. A quimioterapia do câncer, consumida pela feroz obsessão de eliminar a célula cancerosa,tem suas raízes na lógica contrária: todo veneno pode ser um remédio disfarçado."

Aprendi  também lendo este livro, sobre a dificuldade que os cientistas tiveram ao longo do tempo, para provarem os possíveis causadores de câncer, inúmeros... desde o consumo do cigarro à bactéria Helicobacter pylori, esta ultima por exemplo, um cientista médico chamado Barry Marsshall,  bebeu um caldo desta bactéria para provar a comunidade clínica que, a infecção por H.pylori  está relacionada a gastrite  - que ele contraiu severamente após a experiência, documentando seu estado de saúde com uma série de biópsias, registrando as mudanças patológicas e assim, provando de uma vez por todas a ligação desta infecção bacteriana e inflamação crônica ao câncer de estômago. ( O cientista conseguiu reverter seu caso com dieta e erradicou sua infecção).
Ele e seu companheiro de estudos Robin Warren, batizaram esta bactéria de Helicobacter pylori porque Helicobacter revela sua aparência que possuía uma cauda helicoidal e pylori , que vem do latim e significa 'porteiro', possui localização perto da válvula de saída do estômago.
Antes de ler esta obra, pensava que a cura do câncer ou uma vacina contra, não haviam sido descobertas ainda por falta de interesse da indústria farmacêutica. Afinal, ganham milhões com seus quimioterápicos. Porém, hoje mudo meu conceito. Observei que o Dr.Siddhartha -autor deste livro, foi extremamente fiél aos dados contidos ao longo das intensas 548 páginas desta obra. Claro e evidente que houveram muitas resistências sim mas, não pela não cura e sim, pelos gastos bilionários que as empresas temiam em fazer em projetos improváveis, sem garantia alguma de resultado. Isso de fato aconteceu, por outro lado, muitos também deram certo e graças a estes, temos hoje por exemplo a Aminopterina, do grande estudioso Farber*, que interrompe o metabolismo do ácido fólico e privam todas as células de um nutriente fundamental para a divisão celular. Há também o nitrogênio mostarda e a cisplatina que reagem quimicamente com o DNA e com isso, células com informação genética danificada não conseguem duplicar seus genes e, portanto,não podem se dividir. A vincristina, um veneno das opináceas, que elimina a capacidade de as células cancerosas construírem um "andaime" molecular que é necessário para a divisão celular. O Tamoxifeno que opera atacando a dependência que certos canceres de mama para o hormônio estrogênio.
Não me estenderei sobre as pesquisas de quimioterápicos aqui, apenas quero registrar o quão sempre me enganei com a frase: não descobriram a cura do câncer por pura falta de interesse das industrias farmacêuticas - não, hoje corrijo: Não descobriram a cura ou uma vacina para todos os tipos de câncer ainda porque ainda não temos todo conhecimento necessário para tanto.

Dietas com poucas fibras e carne vermelha em excesso, aumentam o risco de câncer de cólon e a obesidade favorece o câncer de mama mas, muito sobre essas relações permanece desconhecido, especialmente em termos moleculares, explica o autor.

Para o Dr.Siddhartha, Médico por Harvard, Biólogo por Standford e imunologia em Oxford , especializou-se em oncologia também em Havard - e  tão sensivelmente escreveu esta biografia do câncer ( que indico a todos os colegas da área e até quem não é mas, tem interesse por novos conhecimentos, onde quer que estejam ) -" para o câncer ainda não há cura simples, universal ou definitiva à vista - e é improvável que um dia haja - o passado conversa constantemente com o futuro.
Enquanto o conteúdo da medicina muda constantemente, sua forma, suspeito, continua espantosamente a mesma. A história se repete mas, a ciência repercute. As ferramentas que usaremos para combater o câncer no futuro sem dúvida vão mudar tão drasticamente em cinquenta anos que a geografia da prevenção do câncer talvez fique irreconhecível. Futuros médicos vão rir dos primitivos coquetéis de venenos que preparamos para matar a mais elementar e magistral das doenças conhecidas de nossa espécie , Mas muito do que diz respeito a essa batalha continuará igual: a implacabilidade, a inventividade, a resistência , o balanço nauseante entre o derrotismo e a esperança, o hipnótico impulso para as soluções universais, a frustração da derrota, a arrogância e a presunção.
O Câncer é, de fato, um fardo construído em nosso genoma, o contrapeso de chumbo das nossas aspirações de imortalidade. Mas, se olharmos para além dos gregos, para a ancestral língua indo -europeia , a etimologia da palavra onkos ,se altera. Ou sejam nos primórdios, Onkos vem de nek,que  significa carregar, transportar, mover o fardo para outro lugar. É suportar algo através de longa distância e deixa-lo noutro lugar. É uma imagem que captura não apenas a capacidade de viajar da célula cancerígena - metástase - mas também uma viagem, a superação e sobrevivência."

Concluo que, muito já se sabe e que muito ainda temos para aprender. Trabalho em um Instituto de Câncer que é referência em meu País, todos os dias , me deparo com esta realidade. Pessoas jovens e  idosas ,com suas faces sofridas, muitas vezes desfiguradas, com seus olhares pedindo em uma linguagem subliminar: olhe para mim! cure-me! Do outro lado, nós que trabalhamos dentro de uma correria sem fim, muitas vezes, adentramos os corredores tão imersos em nossas atividades do dia, na fofoca do momento, da fome da hora do almoço, do projeto para terminar, do compromisso de logo mais, do elevador que demora. Quão pequenos são nossos problemas, quão frágeis nossas insatisfações e muitos de nós , na maioria das vezes , não prestamos atenção nestes guerreiros que, só em darmos um simples "bom dia" com um sorriso no rosto, somos capazes de iluminar o dia de alguém, de inspirarmos esperança dentro do coração destes pacientes e emanar uma energia vibratória tão boa , que até acredito em milagres...
 
*Hipócrates:  (460 a.C.-377 a.C.) foi um médico grego. Considerado o pai da Medicina, o mais célebre médico da Antiguidade e o iniciador da observação clínica.
 
*Galeno: Cláudio Galeno (129-199) foi um médico romano. Foi considerado o pai da Anatomia. Um dos médicos mais importantes da Antiguidade. Realizou extensos estudos de Anatomia e Fisiologia. Sua monumental enciclopédia de Medicina "Exercícios Anatômicos", foi durante mais de quinze séculos, considerada infalível.
 
*Farber: Sidney Farber - isolou o análogo do ácido fólico, que matava rapidamente células que se divi­diam na medula óssea.
 
*Versalius:Andreas Vesalius (Bruxelas, 31 de dezembro de 1514Zákinthos, 15 de outubro de 1564) foi um médico belga, considerado o “pai da anatomia moderna”. Foi o autor da publicação De Humani Corporis Fabrica, um atlas de anatomia publicado em 1543. Vesalius era um pouco pobre no começo, mas, depois, com suas obras, se tornou um dos artistas mais importantes, porque inventou teorias e deu inspiração a alguns artistas e cientistas.

Abraços cheio de saúde à todos,

Fábia

sábado, 8 de março de 2014

Dia das "mais mais"


Parabéns para nós - porque não é nada fácil ser mulher! temos que cuidar do cabelo, da pele, da unha, do corpo, dos pêlos, da sobrancelha, do peso, da roupa,  sapato, maquiagem, acessórios, perfume, hidratante do dia e da noite, anti sinais, adstringente,máscaras, gel para isso ,para aquilo...e a lista parece não ter fim...rsrs...além destas aparentes futilidades, precisamos nos manter informadas, bem resolvidas profissionalmente, intelectualmente e pessoalmente...ufa! mais alguma coisa que tenha esquecido? E tudo isso para quê?? Para nós mesmas? Sim, iremos responder. Mas, claro e evidente que queremos muito mais! Buscamos ser reconhecidas e valorizadas, amadas e admiradas e, bobo do homem que não conseguir enxergar a mulher que tem ao lado, do homem que busca "as mais mais" e não percebe que nesta busca sem fim, só atrairá as "menos menos"...
Do outro lado dessa vertente, temos os homens que valorizam suas companheiras, compreendendo suas ansiedades, mudanças de humor por causa da TPM ou da unha que lascou bem na hora de sair para a festa! À estes Anjos, um muito obrigada em nome de todas nós mulheres!